Overlook Hotel

Lista de discussão sobre Stephen King

Vencedores do Concurso

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Segue o resultado do ultimo concurso de contos.

Por favor os ganhadores envie seus endereços para
debbygrupos@uol.com.br

O Homem dos olhos vermelhos- Edilton Reinaldo – 3 votos

No Acalanto da Noite – Andy 3 votos

Dez Pedaços – Bev – 2 votos

Joana e Maria – Dra. Joyce Reader – 0 Votos

O gênio da lâmpada – Dra. Joyce Reader 0 Votos

Reflexões e Sensações apaixonadas – Rose Red – 0 Votos

Nova Moradora – Rose Red – 0 votos

Written by debbylenon

21/07/2010 at 10:57

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O homem dos olhos vermelhos

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Eis mais um conto para o concurso

Leitos de hospitais geralmente são lugares tristes durante o dia. A noite essa tristeza se intensifica, solidificando-se nas paredes recobertas de limo, no teto mal iluminado pelas lâmpadas fluorescentes, na camada de tinta que escapa das paredes. Fiz essa pequena constatação pessoal quando passei três dias e três noites inteiras, devidamente hospitalizado, graças a um calculo renal de aproximadamente dois milímetros, semelhante a um grão de arroz alojado em meus rins. Dizem que a dor do parto é uma das maiores dores que o ser humano pode sentir. Besteira! Passei dois anos nutrindo esse “filho bastardo” em meu “ventre”, e no fim me vi obrigado a expulsa-lo já em fase adulta. Cinco milímetros em forma de uma pequena pedra pontuda, formada basicamente de oxalato de cálcio e acido úrico.

O fato é que durante aqueles três dias em que passei acordado, me virando interminavelmente sobre os lençóis novos, recém estirados, recebi basicamente duas visitas. Uma delas, é claro, era minha mãe. Chegava as dez e saia pontualmente as doze, quando terminava o horário matinal de visitas. Trazia meu almoço e enquanto me alimentava ela checava com cuidado os curativos provocados em meu punho esquerdo pela mão desajeitada de uma enfermeira descuidada. Minha mãe era uma boa pessoa e agradeço a Deus por ela. Mas o fato é que sempre tive medo do tempo e do que ele poderia fazer comigo. Mais ainda, do que ele poderia fazer com ela.

Fui testemunha ocular do quanto o tempo pode ser cruel logo no primeiro dia de internação no hospital Santa Maria, naquele inverno de 1967. O homem era um senhor já de idade. Tinha no rosto um aspecto cansado, com profundas olheiras marrons rodeando seus olhos.  A pele flácida, repuxada drasticamente para baixo, formando uma papada enorme e disforme logo abaixo do queixo. As costas arqueadas e o andar lento, vagaroso. Estava acompanhado por uma garota extremamente bonita, que o ajudava a carregar o suporte metálico do soro. Seus olhos eram tão verdes e brilhantes quanto duas bolinhas de gude.

– Por aqui senhor. – Disse educadamente a outra mulher, que entrou no quarto logo em seguida, tomando a frente e indicando uma das camas ao meu lado. Usava um grande jaleco branco, que descia pelos contornos magros de seu corpo, quase até os joelhos. Seu rosto parecia tão cansado quanto o do senhor de idade, mas ela conseguia (ou pensava que conseguia) esconder isso muito bem com o blush e o pó compacto, espalhado pelo rosto como massa corrida em uma parede esburacada.

– Tem certeza de que vai ficar bem vovô? – Perguntou a garota dos olhos de bolas de gude. O velho balbuciou algo inaudível e se deitou, cruzando as pernas e os braços, encolhendo o corpo de lado em posição fetal. A mulher de jaleco o ajudou a tirar os sapatos e as meias, largando-os ao pé da cama após notar com crescente interesse a camada marrom de sujeira, semelhante à marca deixada em suas roupas intimas após uma incursão mal sucedida ao mundo da higiene pessoal.

– O horário de visitas é das dez as doze, querida. – Nesse ponto a voz da enfermeira oscilou, e por Deus… Que todos os santos me perdoem, mas eu juro que senti uma pontada de prazer despontar de seus lábios.

A garota corou e procurou, provavelmente nos recantos mais profundos de sua mente, se lembrar de como deveria ser um sorriso sincero. Tentou reproduzi-lo com o máximo possível de fidelidade, mas o que conseguiu foi apenas um ligeiro entreabrir de lábios.

Alguns minutos depois a enfermeira saiu, deixando o senhor de idade aos cuidados da garota dos olhos de bolas de gude.

– O que ele tem? – Perguntou minha mãe, rompendo o silêncio monótono do quarto.

– Alzheimer… – Disse ela. O tom parecia inarticulado, sussurrando as palavras, espalhando-as pelo quarto com o temor carregado na voz. Uma furtiva lagrima passeou por sobre suas bochechas.

Com o passar do tempo as visitas de ambas tornaram-se menos freqüentes. O leito do hospital tornou-se mais vazio. Cerca de uma semana depois o avô da garota dos olhos de bolas de gude e eu recebemos a segunda visita da qual falei no inicio desse relato. Não citei nomes pois não me atrevi a nomeá-lo, tamanho fora o terror que se alojara em minha mente. Mas se for necessário fazê-lo, prefiro chamá-lo de “O homem dos olhos vermelhos”, mesmo sabendo, inconscientemente, que a criatura que nos visitara aquela noite era tudo, menos humana.

A lua cheia despontava no céu, grande e redonda, ofuscando parcialmente o brilho das estrelas. As persianas, como sempre, estavam abertas, e pequenas tiras de luminosidade se atreviam a invadir a escuridão parcial do quarto. Assim como nas outras noites, eu não conseguira pegar no sono. Já passava das duas da madrugada quando a porta foi aberta. Um frio cortante pareceu inundar o quarto, de repente, antes que eu me desse conta de que o vulto parado em frente a porta não era o da enfermeira. Seus contornos eram másculos e bem definidos.

O homem de jaleco moveu-se, sentando-se com cuidado no mesmo banco de madeira que a garota dos olhos de bolas de gude sentara apenas alguns dias atrás, deixando que um pequeno feixe de luminosidade que atravessara a persiana iluminasse parcialmente seu rosto. Fora apenas por uma fração de segundos, mas eu vi. O sangue de meu corpo gelou por completo. O olhos do homem de jaleco eram vermelhos, como brasas retiradas das profundezas do inferno. Fitavam o velho com alucinado interesse, enquanto pareciam queimar viva e dolorosamente sobre seu rosto.

Pensei em levantar e fugir. Correr. Me esconder em qualquer lugar onde o homem dos olhos vermelhos jamais poderia me encontrar, mas o medo me paralisou. O senhor do destino, que no final sempre comanda nossas ações, me fez permanecer ali, de olhos arregalados, fitando os contornos demoníacos do homem dos olhos vermelhos, enquanto sua cabeça se inclinava ameaçadoramente em direção ao velho. Suas mãos de dedos finos e longos tinham garras nas pontas. A pele dos dedos era flácida, enrugada e cinza, semelhante a pele em decomposição de um cadáver. Abraçou o punho do velho com seus dedos mortos e removeu com cuidado a agulha. Elevou-o até a boca, envolvendo o pequeno orifício provocado pela agulha com seus lábios ressecados e cinzas. O que se seguiu posteriormente fora um verdadeiro teatro de horrores. Eu podia ver o sangue fluindo nas veias do velho, indo de encontro aos lábios mortos do demônio de olhos vermelhos. Uma pequena poça de sangue se formou ao pé da cama, e quando pensei que o demônio dos olhos vermelhos havia terminado, algo mais aconteceu. Ele abaixou-se, inclinando seu corpo em um movimento humanamente impossível, sem dobrar os joelhos, até o chão. Uma enorme corcunda apareceu em suas costas e o jaleco de doutor que usava tornou-se pequeno, revelando uma massa de ossos magros, visivelmente desproporcionais, grudados a pele morta. Uma coisa grotesca e disforme, que jamais ousarei chamar de língua, saiu do interior de sua boca, contornando o ar em movimentos delicados e ao mesmo tempo horriveis, como uma cobra manipulada por um encantador de serpentes, e lambeu o chão. Seus olhos brilharam novamente, com o fogo oriundo das profundezas do inferno, e por um momento apenas me encararam, como se dissessem: “Você é o próximo.”

Mas eu não fui o próximo. Ao menos não naquela noite. O demônio dos olhos vermelhos se levantou, satisfeito, virou as costas e saiu, largando o velho morto atrás de si.

Muitos anos se passaram desde o acontecido. Na época tinha apenas dezoito anos e toda uma vida pela frente. Uma vida que ficaria marcada para sempre pela presença do demônio dos olhos vermelhos, durante uma noite escura, num leito frio e solitário de hospital. Hoje tenho noventa e dois anos e me encontro deitado no mesmo leito. Esqueci-me do gosto da comida que minha mãe preparava, do rosto da garota, mas do demônio dos olhos vermelhos eu jamais me esqueci. É o mesmo que se encontra parado agora, na porta do quarto, me observando com curiosa atenção.

FIM

Written by debbylenon

17/05/2010 at 07:43

Publicado em Concursos, Contos

Dez Pedaços

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Caros hospedes, este é mais um conto que está participando do concurso em homenagem ao nosso querido Andy

1.

Era um sol escaldante na aridez do sertão, na amplitude seca,
esturricada. Naquele lago amarelado de poeira e calor, a casa branca e
simples, de paredes de barro caiadas de branco e o telhado de telhas
vermelhas parecia um santuário. Os zumbidos das moscas e o do vento
eram os únicos sons daquela paisagem. As moscas estavam agitadas. Ele
estava sentado no chão, negro e nu, o sol reluzindo na pele suada, a
cabeça entre as mãos, enquanto balançava o corpo suavemente pra frente
e pra tras. Do dorso escorria sangue em filetes espessos. Da coxa
esquerda também. Os policiais não erraram todos os tiros.

2.

Ele estava tomando banho numa lagoa pequena que se escondia atrás de
umas pedras. A água da lagoa estava escura, feia e quente. Fedia a
minério, minerais, folhas mortas, mas ele estava coberto de sangue,
precisava se limpar. Deitou a cabeça dela com cuidado sobre uma pedra
chata para que não rolasse, fechou os olhos negros e atrevidos que o
olhavam zombeteiros. Por isso lhe arrancara a cabeça. Não conseguia
suportar os olhos. Se agachou na lagoa, com o facão ainda na mão, o
sangue formava uma capa espessa sobre sua pele e cabelos. Sangue do
pai. Sangue da mãe. A mãe cigana, bruxa e zombeteira. ‘Ria agora,
puta!’ Queria ver ela rir.

3.

No relatório os policiais descreveriam com detalhes a cena: ele nu, na
lagoa morta, a cabeça da vítima sobre a pedra. O olhar de animal
acuado, enlouquecido, que ele lhes lançou. Olhar de animal que precisa
ser sacrificado. Ele pulou, ágil, pegando-os de surpresa, agarrou a
cabeça pelos cabelos desgrenhados, em nenhum momento tinha largado o
facão. No susto, atiraram. As balas entraram na carne rígida,
perfurando o couro luzidio, fazendo o sangue esguichar.
Perseguiram-no, mas ele era rápido e conhecia cada palmo daquele
labrinto traiçoeiro de pedras. MaseEle estava sangrando. Deixassem ele
sangrar, iam seguir o rastro e o pegariam depois.

4.

Foi naquele ano que ele desandou. É assim que se diz? Até que era. O
filho único da rezadeira, filho da bruxaria. Era um rapaz calmo,
educado, forte. Trabalhava na roça quando dava, não era perdido na
vida e na cachaça, não era homem de andar com as putas nem de arrumar
confusão nem briga. Calado, calado. Alto, forte, negro reluzente, de
sorriso branco e fácil. Um dia deu pra ver o diabo, a mãe era bruxa, o
pai era fraco da cabeça apesar de ser um homem bom, a mulher fazia
tudo em casa.

5.

Ele chegou na casa branca de telhas vermelhas com o facão, a vista
turva. Os demônios estavam ao seu redor, rindo, girando, alegres,
rindo de sua miséria. ‘A bruxa!’, eles diziam. ‘Você tem que matar a
Bruxa! Água e folha e vento e pó, na neblina, rápido! Eles estão
chegando!’ E ele não hesitou. Mas o pai veio primeiro, o homem bom,
hesitou, sem saber se defendia a mulher ou o filho amado. Ele entrou
na frente, e foi lento, lento, a cada golpe o sangue espirrava,
molhava as paredes brancas, umas, duas, cinco, quinze vezes, até ele
cair. Nem assim ela parava de rir, a bruxa demoníaca. Arrancou-lhe a
cabeça com um só golpe, artérias, veias, ossos se partindo com um ramo
seco sob a força do facão. O silêncio que veio depois foi
insuportável, e ele saiu pela porta como se entrasse em um túnel muito
iluminado. O sol lhe machucou os olhos. A cabeça pendia entre seus
dedos escorregadios, e ele entremeou os fios nos dedos sem perceber.
Arrancou a roupa com uma só mão, o tecido apertava, machucava como
alfinetes. O céu estava vermelho. Saiu a esmo procurando um lugar pra
ficar.

6.

Era o primeiro filho deles. A mulher estava grávida já perto de parir.
A noite fria do sertão causava arrepios nos dois, ele deitado com a
cabeça próxima ao ventre da curandeira. ‘Ele um dia fará grandes
coisas’, ela profetizou. Sabia que era um homem, o filho.

7.

Os policiais o encontraram deitado do lado de fora da casa, nu, sujo,
empoeirado. O rastro de sangue os levara até ali. Não largara a
cabeça. As moscas entravam e saíam da boca aberta, das narinas, das
orelhas. Ele estava deitado na sombra da casa, a respiração ora
regular, ora entrecortada. Só os olhos denunciavam que ele via algo.
Um algo que ninguém nunca veria. Ele não protestou quando eles o
arrastaram de qualquer jeito e colocaram no carro. Nem quando o
espancaram enquanto faziam um monte de perguntas. Ele nunca mais
protestou.

8.

O colocaram num manicômio judiciário na capital. Do seu quarto ele
pode ver o mar, mas não vê. Ele nunca mais acordou do seu sonho com
demônios e fantasmas. Eles vivem pra sempre trancados em sua mente. Em
sua mente ele continua sob o sol escaldante, no sertão amarelado e
vazio, pingando sangue na terra, e o facão está sempre ao seu lado. Na
cabeça cortada o sorriso zombeteiro o persegue a cada passo. “Um dia
ele fará grandes coisas”foram as palavras da mãe.

9.

“Mãe, me ajuda, Eu não quero morrer aqui assim”. Mas ela nunca mais respondeu.

10.

Saiu uma nota no jornal. Ela deu origem a esse conto.

Written by debbylenon

25/04/2010 at 10:29

Publicado em Concursos, Contos

O gênio da Lâmpada

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Alberto estava sentado a beira mar, pensando na vida, estava acostumado àquela cena. Do vai e vem das ondas. Num momento de distração uma pequena onda trouxe um objeto até seus pés.

___ O que será isso?

Pegou o objeto e examinou, era uma garrafa antiga, feita com um material que lembrava porcelana, só que mais resistente, seu formato lembrava um vidro de perfume, arredondado em baixo e com o gargalo fino e comprido.

Tinha uma cor bem indefinida, algo que lembrava o roxo bem escuro e havia inscrições que ele não podia identificar, mas, parecia estar gravada em ouro.

Estava lacrada, a tampa tinha uma trava fácil de ser removida, a curiosidade dele estava aguçada, pois a garrafa apesar de ter cerca de quinze centímetros pesava cerca de uns vinte quilos.

Abriu!

Uma fumaça verde começou a sair da garrafa e a tomar forma. Uma mulher morena, com trajes sensuais e olhos verdes apareceu:

___ Quem é você? – perguntou Alberto a moça.

___ Meu nome é Zoraide. Sou um gênio, você me libertou da minha eterna prisão. Agora sou sua escrava e posso realizar três pedidos seus.

___ Mas isso parece um conto de fadas…

___ Não meu amo e senhor, não é um conto de fadas, é a pura realidade, com todas as conseqüências que podemos acarretar, por isso eu peço ao senhor, que reflita muita antes de fazer seus pedidos, pois toda ação tem uma reação, que pode ser boa ou ruim.

Alberto levou zoraide para sua casa, ela a serviu como uma boa escrava, servia-lhe a mesa e na cama, de acordo com a vontade dele, ou ele pensava que era assim.

Muitos meses depois Alberto andava pensativo, comia pouco e não procurava Zoraide. Quando ela perguntou o que estava acontecendo ele respondeu?

___Zoraide, eu queria usar meu pedido.

___ Amo! O senhor pensou bem?

___ Claro que sim. Há meses venho pensando, tanto no pedido quanto nas conseqüências, e eu resolvi pedir muito dinheiro, para que eu possa ajudar meus irmãos.

___ Então o senhor quer ter muito dinheiro?

___ Sim.

Zoraide cruzou os braços em torno de seu corpo, fechou os olhos e se concentrou no pedido de Alberto, foi nesse momento que o telefone tocou:

____ Alo! Antonia, oi querida irmã!… O que?… Quando…Mais como isso foi acontecer Antonia?… Irei já para ai minha irmã.

Alberto desligou o telefone muito triste, com os olhos lacrimejando, mal pode olhar para Zoraide.

___ Algum problema amo!

___ Meu irmão morreu. Meu amigo morreu Zoraide, você sabe o que é isso? Acho que não, pois você é uma gênia.

Zoraide não disse nada, mas, seu olhar era de muito ódio e saiu pensativa da sala.

Foram dias muito tristes aqueles, Alberto era filho de um segundo casamento entre Sr. João e dona Albertina, ambos já falecidos, tinha uma irmã por parte de mãe e um irmão por parte de pai. Era muito ligado a eles.

Após cinco dias depois do falecimento de Otaviano, Alberto recebeu um telefonema da empresa em que seu irmão trabalhava:

___ Alo!

___ Boa Tarde! Por favor, o Sr. Alberto Tuffik?

___Ele mesmo.

___ Sr. Alberto, eu me chamo Regina Moraes e trabalho na M & M construções, a empresa onde o seu irmão trabalhava.

___ Sei. Conheço a empresa.

___ Estamos ligando, pois não sei se o senhor sabe, mais seu irmão deixou um seguro de vida no nome do senhor…

___ Como?

___ Ele não tinha filhos, esposa, e o parente mais próximo seria o senhor, então ele colocou a apólice em seu nome…

___ Não posso acreditar.

___ O Senhor poderia vir aqui assinar a documentação e receber seu dinheiro.

___ Só uma pergunta? De quanto é esse seguro?

Alberto ficou pasmo com a noticia. Teria alguns milhões em sua conta em poucas horas, parecia um sonho, mas, esse sonho tornou-se pesadelo.

___ Zoraide!

___ Sim amo!

___ Você ouviu o telefonema?

___ Sim, amo!

___ Eu queria ficar rico, pedi isso a você antes daquele telefonema horrível, agora por causa da morte do meu irmão fiquei milionário. Usei o pedido em vão.

___ Creio que não amo!

___ Como assim?

___ Seu desejo foi realizado, o senhor não pensou na conseqüência que ele traria. Seu irmão precisou morrer para que o senhor ficasse rico.

___ Não pode ser. Eu matei meu irmão? Foi minha culpa?

___ Não meu amo! A culpa é do poder do além. Alguém mais antigo que o próprio universo. O lado negro de todo o ser humano.

___ Como vou viver sabendo que meu irmão morreu por minha culpa. Por um desejo meu de ficar rico.

Os anos se passaram e Alberto esqueceu sua dor. Estavam levando uma vida de luxuria e prazer, tinha sempre ao seu lado as mais belas mulheres. Até que um dia confessou a Zoraide ter um grande amor.

___ Zoraide eu amo uma mulher há muitos anos. Pensei que poderia viver com ela, mas descobri que ela é casada com um homem sem escrúpulos. Um Ogro que a maltrata, dizendo-lhe palavras horríveis e surrando-lhe quando ela tenta separar-se dele.

Alberto lembrou-se que tinha mais dois desejos, olhou fixamente para Zoraide que adivinhando seus pensamentos se precipitou:

___ Qual é o seu desejo amo?

___ Eu desejo que Cassandra crie coragem e largue o marido para viver comigo, pois sei que meu sentimento também é correspondido.

___ Seu desejo é uma ordem.

Em menos de meia hora Cassandra bateu à porta de Alberto. Estava apenas com a roupa do corpo, disposta a viver com ele até que a morte os separasse.

Alberto viveu dias felizes, mal podia acreditar que uma vez na vida sentia-se inteiramente feliz. Só que tanta felicidade durou pouco, um dia Hemergildo (ex-marido de Cassandra), invadiu a casa de Alberto. Entrou no quarto onde os dois se amavam, e com um cinto começou surrar a ex-mulher. Enfurecido Alberto apanhou um castiçal de bronze que estava em cima da penteadeira e o deitou na cabeça de Hemergildo, fazendo jorrar sangue por todo o local.

Alberto foi preso. Julgado e condenado. Cassandra nunca fora visitá-lo na cadeia, apenas Zoraide se dava a este trabalho, por ainda estar presa a ele. Não agüentando mais a vida de presidiário, Alberto fez seu ultimo pedido a Zoraide:

___ Zoraide! Quero fazer meu último pedido.

___ Sim amo! Tenho que alertá-lo que assim que seu desejo for realizado eu voltarei para meu mundo.

___ Mesmo assim Zoraide, eu preciso fazer esse pedido. Eu quero que meus problemas se acabem.

Zoraide se concentrou pela ultima vez e desapareceu. Alberto caiu desacordado no chão da sala de visitas. Quando os médicos da prisão chegaram, ele estava morto.

Vinte anos depois…

Soraia caminhava sozinha pela praia. Encontrou uma linda garrafa roxa com inscrições douradas ao abrir a tampa um homem seminu que usava um turbante na cabeça, surgiu.

___ Quem é você?

___ Sou o gênio da lâmpada, me chamo Tuffik.

Written by debbylenon

23/04/2010 at 10:18

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Joana e Maria

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Maria era uma menina muito doce que adorava brincar com seus bichinhos de estimação, ela tinha uma cobra e um papagaio. O pai de Maria alimentava a cobra fora da casa, para que Maria não visse ela matar a presa antes de devorá-la.

Um dia Maria viu a cobra fora do seu terrário e nem ligou, continuou brincando com seu outro papagaio. Quando Maria se distraiu a cobra deu o bote e devorou a pobre ave. Maria ficou ali olhando sem nada poder fazer.

Algum tempo depois o pai dela veio falar com ela.

– Filha você viu o papagaio?

– não papai, eu estava brincando com a Joana hoje o dia todo.

– Ele não falou hoje.

– Será que ele fugiu?

– Espero que não.

Assim que o pai saiu da sala Maria olhou para a cobra Joana e disse sorrindo, será nosso segredinho.

Anos se passaram e a Maria e Joana foram crescendo, Joana começou a se alimentar de pequenos roedores e gatos da vizinhança. A pyton foi ficando cada vez maior e começou a criar problemas com os vizinhos. Dona Ana, mãe de Maria pediu ao pai dela que sumisse com a cobra, antes que eles tivessem problemas sérios. O pai da menina, não quis magoar a filha e apenas construiu um viveiro para deixar a cobra lá, a menina tirava sua amiga de lá sempre.

Certo dia a mãe de Joana faleceu. Foi dormir e nunca mais acordou. Maria não chorou a morte da mãe. Muito menos ligou quando o pai apareceu com uma nova esposa meses depois. Apenas não gostou quando o irmãozinho nasceu. A menina tinha na época 17 anos, não era ciúme da criança, apenas não entendia a insistência do pai em doar Joana ao zoológico.

Foi numa certa noite que Maria teve uma idéia. Ela chegava do colégio quando ouviu a madrasta e o pai conversarem.

– João, esse animal não pode ficar aqui. Ano que vem Maria irá para a faculdade e quem irá cuidar dela? E o nosso filho, ele tem quatro meses e seria uma presa fácil para aquela coisa.

– Calma Rita! Eu tive uma idéia, assim que Maria sair para a faculdade, logo no primeiro dia, eu levo Joana para o Zoológico. Espere só mais uns meses.

– tudo bem João, mas, até lá eu e o Diego vamos para a casa de minha mãe, espero que você venha nos visitar.
– Rita, querida não faça isso.

Quando Maria teve a oportunidade de estar na casa sozinha ela soltou Joana no quarto do irmão. Aquela noite Rita dormiria em casa e de manhã bem cedinho viajaria para São Carlos, para visitar sua mãe.

O dia amanheceu e Rita se levantou para ver Diego, ela estranhou, pois, o menino não chorou para mamar na madrugada. Assim que ela entrou no quarto do filho e olhou no berço, soltou um grito de terror e desfaleceu.

João e Maria entraram no quarto correndo, João gritou o nome do filho, mas apenas pode ver a ponta do pé da criança na boca de Joana. Maria deu um leve sorriso.

Todos choravam no enterro do menino. E estranhavam a ausência da irmã. Uma vizinha próxima à família disse as colegas.

– Vi Maria chorando inconformada no quintal. Pobre menina perder o irmão assim, mas, a família era irresponsável de criar um animal daqueles.

Maria chorava sim, no quintal de casa, mas, chorava a morte da única amiga que teve. Chorava sob os pedaços esquartejados de Joana. Chorava jurando vingança.

– Nenhum descendente de João e Rita irá sobreviver a minha irá Joana, você pode ter certeza.

Maria sempre foi assim, incapaz de sentir algo pelos humanos ou outros animais. Maria só gostava de cobras e de como elas rastejavam e atacavam suas presas. Maria levantou-se e partiu. E durante muito tempo ninguém a viu.

Written by debbylenon

23/04/2010 at 07:46

Publicado em Concursos, Contos